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Blog do João Antônio Motta

Tokenização: Blockchain dando segurança às operações bancárias

João Antônio Motta

09/09/2019 04h39

De tanto ouvir nos corredores sobre má aplicação do crédito e "caixa-preta", em especial aquelas que acontecem em Organizações Não Governamentais (ONGs), as de apoio cultural e financiamentos governamentais, a área de tecnologia do BNDES aproveitou uma ideia sensacional e vai usar a tecnologia blockchain para fiscalizar as operações.

Como? Vai acabar com a prestação de contas do dinheiro público, já que isso ocorrerá em tempo real.

É que a tecnologia blockchain, ou corrente de blocos, emprega um sistema sequencial, onde a impressão digital do anterior (hash) está no posterior e assim por diante, sendo impossível a fraude.

Traduzindo o sistema, basta ver que o dinheiro não vai para quem pegou o crédito, mas para o destinatário da despesa.

É que em financiamentos para fins específicos, como são as operações do BNDES, quem busca o crédito apresenta um projeto onde detalha, passo a passo, como vai empregar o dinheiro que lhe é alcançado pelo banco.

A "caixa-preta" é que quase ninguém corresponde os valores ao banco conforme a destinação deles.

Com o novo sistema isso acaba. O financiado não vai receber dinheiro, mas quantos tokens forem objeto de cada destinação. Por exemplo, se uma parte do dinheiro é para publicidade, somente a agência que recebeu tal token poderá, junto ao BNDES, realizar o seu resgate em dinheiro.

Desta forma, toda a verba terá destino conferido em tempo real da despesa, eliminando a prestação de contas e diminuindo drasticamente as fraudes.

Isso é fantástico, porque não só permite ao banco exercer seu dever de vigilância como, igualmente, poderá antecipar problemas e buscar soluções negociadas.

Notem que esta tecnologia permitirá ao banco, por exemplo, até antecipar problemas com a formação de passivos ambientais, devido a fiscalização da aplicação do crédito em tempo real.

Da mesma forma, qualquer atraso no cronograma de aplicação da verba poderá ser identificado no momento em que surgir o problema, podendo ser aberta tratativa para conhecer a situação enfrentada e a melhor solução, evitando uma crise de liquidez e futura falta de pagamento.

Sabemos que a aplicação certa do crédito é um problema ao correto funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, onde os bancos preferem trabalhar com liquidez da garantia e escorarem, o que não é o melhor cenário.

O que se espera é que este sistema seja duplicado para o setor privado, alterando a forma de concessão do crédito e abrigando todas as vantagens, não só de fiscalização, mas também, por exemplo, a antecipação de problemas.

Sobre o Autor

João Antônio Motta é advogado (PUC/RS – OAB em 1982) especialista em obrigações e contratos, com ênfase em direito bancário, econômico e do consumidor. É autor do livro “Os Bancos no Banco dos Réus“ - Ed. América Jurídica, (Rio de Janeiro, 2001).

E-mail de contato: contato@jacmlaw.com

Sobre o Blog

Este blog traz informações independentes sobre bancos, segurança, cobrança, investimento e outros temas que ajudam no seu dia a dia com as instituições financeiras.

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