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Débito automático requer organização e cautela

João Antônio Motta

23/09/2019 06h50

Um dos melhores e mais úteis serviços dos bancos é o débito automático. Com ele, as contas de água, luz, telefone, condomínio e qualquer outra mensal e sucessiva que você seja devedor serão regularmente, na data de vencimento, debitadas na sua conta-corrente.
Não é necessário depender dos serviços dos Correios, que quase sempre estão em greve. Não precisa imprimir boletos que vêm de origens duvidosas, não é necessário ir até a agência e sequer acessar o "internet banking", sempre situações que envolvem problemas de segurança.
E é muito simples cadastrar as contas para débito automático, pois basta ir uma vez só à agência ou acessar o "internet banking".
Importante não confundir débito automático com DDA, que é o débito direto autorizado, outro sistema que, apesar de ter sido lançado em 2009, ainda é muito pouco utilizado. Mas isso é assunto para outro texto.
Com o débito automático, o fundamental é administrar sua conta-corrente muito de perto, pois o que é um benefício pode se tornar um problema muito sério.
É que as taxas do cheque especial, como de hábito, estão pela hora da morte.
Se o débito cair na conta e usar parte do limite do cheque especial, o valor que você deve pode ficar muito salgado.
É que o cheque especial se presta a situações emergenciais e apenas quando o cálculo da despesa com ele seja menor que o dos encargos do boleto é que vale a pena sua utilização.
Por exemplo, se a multa por atraso do condomínio for de 20%, sim elas existem, deixar passar alguns dias e até um mês no negativo do cheque especial pode valer a pena. O débito automático terá sido vantajoso.
Agora, com taxa do cheque especial em 12% ao mês, equivalente a 0,38% ao dia e mais IOF que pode chegar a 0,76% do saldo negativo, a situação se complica se a multa do boleto for de 2% e os juros de mora em 1%. Não vale a pena ficar devendo mais que dois dias. Em três dias de saldo negativo você empata com os encargos do boleto.
Por isso que este serviço requer vigilância constante e uma administração rigorosa da sua conta-corrente.
O pior é pensar que transferir sua dívida com outros para o banco pode ser um bom negócio. 
Isso é ruim, mas muito ruim mesmo. Se você esquecer os débitos automáticos que fez e deixar sua conta-corrente sem controle, sua dívida em um curto espaço de tempo será astronômica, pois os juros da conta-corrente, além de absurdamente altos, são contados de maneira exponencial, juros sobre juros.
Mas como há a irrevogável "lei de Murphy", o banco pode "ajudá-lo" e pagar suas contas mesmo acima do limite do cheque especial, ocasião então que você irá conhecer a "tarifa de adiantamento a depositantes", que é uma facada de tão cara.
Portanto, para trabalhar com débito automático, tem de estar de olho vivo na conta-corrente e realizar cálculos muito seguros. Caso contrário, o caminho ao desastre será certo.

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Sobre o Autor

João Antônio Motta é advogado (PUC/RS – OAB em 1982) especialista em obrigações e contratos, com ênfase em direito bancário, econômico e do consumidor. É autor do livro “Os Bancos no Banco dos Réus“ - Ed. América Jurídica, (Rio de Janeiro, 2001).

E-mail de contato: contato@jacmlaw.com

Sobre o Blog

Este blog traz informações independentes sobre bancos, segurança, cobrança, investimento e outros temas que ajudam no seu dia a dia com as instituições financeiras.

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