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Novos meios de pagamento: basta um olhar para se endividar

João Antônio Motta

16/09/2019 04h29

A moeda, desde o início da civilização, substituiu as trocas, facilitando o comércio e o dia a dia das pessoas.

No entanto, a grande revolução dos meios de pagamento iniciou na década de 50, com a utilização do cartão de crédito, que basicamente consistia em adiar o pagamento a uma data próxima. Assim, não era mais necessário carregar dinheiro, já que as contas se acertariam diretamente nos bancos.

O cartão de crédito foi o início do desuso do dinheiro. Ninguém mais andaria com ele na carteira, a não ser para pagamentos de pequenas quantias e, atualmente, nem mais isso, porque o "dinheiro plástico" é aceito virtualmente em todos os lugares.

Hoje, a China já utiliza em 100% das transações o "mobile payment", que se dá pelo "smartphone", por pulseiras ou outros acessórios. Uma tecnologia que se deu o nome de "wearables", ou tecnologia de vestimentas. 

Toda esta modernidade tecnológica vem do "contactless", ou pagamento por aproximação. Mas o grande salto e evolução está, sem dúvida alguma, no pagamento por reconhecimento facial, da íris ou até mesmo mapeamento das veias.

Não se pode esquecer que há também o desenvolvimento de tecnologia de "pagamento por terceiros", no qual o cliente escolhe o produto, e o pagamento é realizado automaticamente. Isso acontece muito com a utilização da tecnologia de pagamento de pedágios nas estradas, que evoluiu para pagamento de gasolina, estacionamentos e hoje até uma rede mundial de lanches a aceita em seu "drive-thru".  

O grande nó é que exatamente esta facilitação dos meios de pagamento, associada à concessão de crédito como se fosse um produto de prateleira, pode tornar a vida das pessoas muito mais difícil. 

É que se o pagamento for feito sobre saldo disponível do consumidor, a débito, nada há para gerar problema. Mas, em outra ponta, se a facilidade destas novas tecnologias encontrar saldo de crédito aberto em favor do consumidor, o caminho para o superendividamento estará muito bem pavimentado.

Com o pagamento pelo reconhecimento facial ou pelo escaneamento da íris, certamente bastará um olhar para se endividar.

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Sobre o Autor

João Antônio Motta é advogado (PUC/RS – OAB em 1982) especialista em obrigações e contratos, com ênfase em direito bancário, econômico e do consumidor. É autor do livro “Os Bancos no Banco dos Réus“ - Ed. América Jurídica, (Rio de Janeiro, 2001).

E-mail de contato: contato@jacmlaw.com

Sobre o Blog

Este blog traz informações independentes sobre bancos, segurança, cobrança, investimento e outros temas que ajudam no seu dia a dia com as instituições financeiras.

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