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Poupança tem mais de 150 anos, mas ainda é um investimento com atrativos

João Antônio Motta

15/10/2018 03h00

A caderneta de poupança foi criada com a Caixa Econômica Federal em 1861 por Dom Pedro II, tendo sua remuneração em juros de 6% ao ano. Em 2012, com a queda de juros básicos (Selic), passou a ser mais atrativa que os títulos da dívida pública, e o governo mudou seu critério de rendimento. Isso ocorreu porque os títulos são uma forma do governo se financiar. Se os investidores fossem em massa para a poupança, o governo teria menos recursos.

Assim, depois de 2012 se a Selic ficar acima de 8,5% ao ano, a poupança renderá TR mais 0,5% ao mês. Se a Selic baixar de 8,5% ao ano, a remuneração da poupança será TR mais 70% da Selic. 

Já a TR é uma "taxa referencial" calculada pela média dos que os bancos pagam em CDBs, mas com um redutor, que é calculado e aplicado pelo governo, valendo dizer que a TR será o percentual que o governo bem entender.

E é exatamente por isso que a TR tem variação zero em 2018.

Mas a poupança está ruim? Se você analisar os Fundos de Investimento a resposta será que a poupança vai muito bem obrigado.

Veja por exemplo os Fundos DI que buscam acompanhar a variação do CDI, certificado de depósito interbancário que, por sua vez, tem variação muito próxima à Selic. Quando a Selic sobe este fundos são muito atrativos, ocorrendo o inverso quando a Selic despenca, como agora que está em 6,5% ao ano.

As aplicações em Fundos DI são conservadoras e, como a poupança, têm liquidez diária e podem constituir tanto uma reserva de longo prazo ou parcela de uso diário. Acontece que os Fundos cobram taxa de administração de 1% a 3% e há ainda a parcela de Imposto de Renda variável de 15 a 22,5%, dependendo do prazo de resgate.

Já a poupança não tem taxa de administração, não paga Imposto de Renda e tem garantia do FGC – Fundo Garantidor de Créditos até R$ 250 mil. Como se vê, a velhinha apesar da baixa remuneração ainda têm seus atrativos.

Não foi por outro motivo que em setembro passado os depósitos superaram os saques na poupança em R$ 8,5 bilhões.

Muitos falam que isso se deu porque os investidores estão procurando a segurança da poupança frente a um cenário político incerto. Contudo, o que dá a entender é que a poupança sem o Imposto de Renda, sem a taxa de administração e com a garantia do FGC tem atraído esta migração de uma enorme massa de depositantes dos Fundos de Investimento, não necessariamente por conta de uma troca de rumo no governo, mas pelo rendimento pura e simplesmente.

Vejam que em setembro os Fundos DI remuneraram 0,40% bruto, do que se deve descontar a taxa de administração e o imposto de renda, sendo que a poupança entregou rendimento de 0,37% no mês, o que justifica de forma clara a migração.

Como disse, a velhinha ainda tem seus atrativos e se manter a Selic na baixa é uma opção tão boa quanto em 1861.

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Sobre o Autor

João Antônio Motta é advogado (PUC/RS – OAB em 1982) especialista em obrigações e contratos, com ênfase em direito bancário, econômico e do consumidor. É autor do livro “Os Bancos no Banco dos Réus“ - Ed. América Jurídica, (Rio de Janeiro, 2001).

E-mail de contato: contato@jacmlaw.com

Sobre o Blog

Este blog traz informações independentes sobre bancos, segurança, cobrança, investimento e outros temas que ajudam no seu dia a dia com as instituições financeiras.

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